sábado, 27 de agosto de 2011

O ronco da discórdia



O hábito noturno e barulhento do parceiro pode estremecer o relacionamento. Elas reclamam!
Lá pelo meio da noite começa a sinfonia, acompanhada do sussurro "Amor, você está roncando. Vira de lado, por favor". Se a primeira tentativa não der jeito, é comum que a irritação cresça em escala meteórica e a cotovelada de aviso vire beliscões cada vez mais fortes. Soa familiar? Você não está sozinha na odisséia para se manter acordada frente aos ruídos noturnos do parceiro. E, pior, a vida amorosa pode estar em perigo por conta disso!
Enquanto você conta carneirinhos para virar "bela adormecida", o amado se esbalda no sétimo sono, alheio aos brados bufantes de que ele não te deixa dormir. De levar a loucura, não? A jornalista Patrícia Andrade, de 26 anos, perdeu as estribeiras num desses dias de serenata. Namorando na época, ela dividia uma cama de solteiro com o ex-marido em um quarto na casa de sua avó. O rapaz, vindo de um dia regado a cervejinhas, começou a roncaria sem fim e não havia jeito de fazê-lo parar. Ela não deixou barato: "fui na cozinha, enchi meio copo de água e virei no rosto dele", conta bem-humorada. Ele acordou assustado e a brincadeira da carioca saiu pela culatra, a avó tomou as dores do dorminhoco e ela ainda teve que ouvir sermão.
A bibliotecária Selma Alves, 59 anos, encara a luta diariamente. Casada há 28 anos, o ronco do marido Carlos, engenheiro, já faz parte da rotina do casal. Na lista das queixas, nem tantas assim, os grunhidos noturnos ocupam as primeiras posições. Com um agravante: a teimosia. Ele insiste que não ronca, apesar dos filhos também escutarem a longas distâncias - o apartamento é duplex, mas, mesmo com quartos em andares diferentes, o sono do rapaz se faz notar. Como casal que preze, a implicância é recíproca: "Para alfinetar, ele gravou no celular o meu ronco numa noite. Agora, sou eu que não admito", revela.
A história de Teresa Cristina, 50 anos, supervisora em uma empresa de telefonia, não é muito diferente. Ela até já criou cartilha de sobrevivência: "corro para a cama mais cedo para tentar dormir pelo menos duas horinhas antes dele começar", ensina. Quando o caso fica fora de controle, o jeito é "empurrar, socar, tentar virá-lo", apela Teresa. Na pior da hipóteses, ela se acomoda no sofá da sala mesmo - menos agradável para o pescoço, melhor para os ouvidos. Perguntada sobre por que não é ele quem migra para o outro cômodo com travesseiro e cuia, ela responde: "é aquilo, os incomodados que se mudem". Mas ela não perde as esperanças: "Meu sonho é ganhar na loteria e construir um quarto para cada um, o dele com isolamento acústico".
E engana-se quem pensa que a questão é exclusiva dos relacionamentos mais maduros. Aos 16 anos de idade, a estudante Taísa já está calejada no ringue contra o ronco do namorado de apenas 19 anos. O esquema "dos chutes e dos socos" ela já aprendeu, mas com o frescor do relacionamento recente, ela leva tudo na paz: "é difícil, mas eu levo tranquilo, meu sono é profundo".
Apesar de parecer divertido, estudos comprovam que o ronco pode ser, sim, um fator determinante para problemas de relacionamento. Um estudo britânico chegou a apontar que, em 2009, um em cada cinco casais dormiam em camas separadas devido aos hábitos de seu parceiro. Dos entrevistados, 7% revelou que o fato de não conseguirem dormir durante a noite, por conta da serenata, levou ao divórcio. Quem ama cuida, certo? Uma visita ao médico pode diagnosticar possíveis distúrbios do sono e tratá-los para manter o relacionamento sem as crises do ronca-ronca. Depois, é só dormir agarradinho e dispensar os tampões de ouvido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário